Sendo um departamento da AMTB, o DAI desenvolve suas atividades embaixo da filosofia de trabalho da mesma. Suas atividades são basicamente duas:
Demandas sociopolítica
Dar apoio ao CONPLEI
Resolução
Baixe aqui a última resolução do CONPLEI
Última Resolução Conplei - https://www.amtb.org.br/wp-content/uploads/2017/12/DOC-022-2017-CONPLEI.pdf
Para isso ele é composto de uma diretoria simples, um presidente e um vice, e coordenadores dos departamentos:
Sociopolítico, Pesquisa, Capacitação Bíblica e Teológica, Relacionamento com Igrejas Indígenas e não Indígenas.
Essa diretoria é composta pelos seguintes irmãos:
Sérgio Nascimento - Presidente
Edward Luz - Vice-Presidente
Enoque Farias - Relacionamentos com igrejas de língua hispânica
André - Pesquisa
Pr. Valdir Soares - Relacionamento com Igreja não Indígena
Ronaldo Lidório - Relacionamento com Igreja Indígena
Cassiano - Sociopolítico
José Carlos Alcântara - Sociopolítico
Carlos Carvalho - Capacitação Bíblica
José Vicente - Relacionamento com Igreja Indígena
As atividades nos últimos anos foram:
1.XI Fórum Indígena em BH em set 2015
2. Reunião de Planejamento – Brasília – 2016
3. Cursos de ensino bíblico para líderes indígenas
Realizado em Imperatriz, MA, no feriado de 26 a 28 de maio de 2016, intitulado pela organização local de “Capacitando a força missionária indígena – Ensino-aprendizagem e métodos de estudos bíblicos no contexto cultural indígena e de outros povos”.
4. Início da Escola Avançada de Teologia Cultura e Direitos Humanos com primeiro módulo realizado em Manaus.
5. Apoio ao, CAPACITAR.
O Capacitar é uma iniciativa anual de treinamento, sob coordenação de Ronaldo Lidório e Cassiano Luz, que visa servir a comunidade missionária brasileira oferecendo capacitação nas áreas de Antropologia Cultural, Plantio de Igrejas e Aquisição de Línguas. É direcionado a missionários, líderes de missões, seminaristas e vocacionados para a obra missionária.
6. Site do DAI http://www.indigena.org.br
7. Apoio aos 3 encontros de Capacitação Bíblica e missionária Indígena – CBMI em 2016, no Estado do Amazonas com mais de 500 participantes.
8. Apoio a realização do CONPLEI – 2016 de 12 a 16 outubro, em Sidrolândia - MS.
9. Reunião da Diretoria em Brasília, de 12 a 13 setembro 2016, para planejamento e apresentação de relatórios dos departamentos.
A Origem do Departamento de Assuntos Indígenas
A “sementinha de mostarda” que deu origem ao DAI – Departamento de Assuntos Indígenas da AMTB
Estávamos vivendo a primeira metade dos anos 80. Eu era presidente da Missão ALEM, em Brasília. A grande ênfase missionária da época era Missões Transculturais, com enfoque em alcançar os Não- Alcançados. Tudo isso como resultado do Congresso Mundial de Evangelização que havia acontecido na cidade de Lausanne, Suíça, em 1974, corroborado que foi, mais tarde, pelo Congresso Brasileiro de Evangelização que aconteceu em Belo Horizonte (MG), em 1983.
O efeito da visão missionária vinda desses dois congressos fez surgir, no Brasil, entre outros resultados, a criação de várias agências missionárias transculturais que começaram a enviar obreiros para o Exterior. Essas agências transculturais sentiam, entretanto, a falta de uma assessoria maior em termos de estratégia, metodologia de trabalho, informações do campo, etc. o que deu origem ao surgimento da Associação de Missões Transculturais Brasileiras - AMTB, no ano 1982. O movimento, entretanto, para a formação da AMTB, segundo Bertil Ekström, já estava acontecendo dede 1976. (Bertil Ekström, "Uma Análise Histórica dos Objetivos da AMTB e seu Cumprimento”. Dissertação, pg. 01).
Naquele tempo, como estávamos todos imbuídos da mesma visão, o então presidente da AMTB, Pr. Jonathan Ferreira dos Santos (ele foi o primeiro presidente da AMTB) me convidava frequentemente para participar das reuniões da Diretoria da AMTB em São Paulo. Lá, além do contato com ele, eu mantinha contato frequente também com o Pr. Edison Queiroz.
Eu estava empolgado com o trabalho da AMTB, com a visão missionária de Jonathan Ferreira dos Santos, discípulo que foi de Barbara Burns, e do Pr. Edison Queiroz. Mas, uma coisa eu notei logo: Todas as organizações missionárias que haviam se filiado à AMTB, até então, eram organizações que se ocupavam de enviar missionários para o Exterior. Quer dizer: Elas estavam fazendo missões transculturais em termos de atravessar barreiras geográficas, num primeiro avanço. Notei que as agências missionárias que faziam missões transculturais, no Brasil, entre nossos indígenas, atravessando barreiras de língua e cultura, não estavam se filiando à AMTB. A não ser a Missão ALEM, que teve, inclusive, o seu nome como fundadora, na Ata de organização da AMTB, segundo Ekström.
Comecei então a convencer o Pr. Jonathan da necessidade que tinha a AMTB de estender o convite às agências missionárias que trabalhavam com os indígenas do Brasil para a sua filiação à AMTB. Meu argumento era: Para se fazer missões transculturais, não é preciso, necessariamente, sair do País. Os convites começaram então a ser feitos, mas, por várias razões, não houve muita adesão.
Foi quando então sugeri a criação, na AMTB, de um departamento especial para acolher, nesse departamento, as agências missionárias que trabalhavam com os indígenas do Brasil. Aí nasceu a ideia do DAI – Departamento de Assuntos Indígenas da AMTB. Ekström, em seu histórico da AMTB, descreveu assim o nascimento do DAI:
“O Departamento Indígena: Merecedor de um capítulo à parte, o setor indígena da AMTB tem sido uma das áreas mais desenvolvidas pela AMTB. A história deste departamento mostra algo da abrangência das atividades da associação. Pessoas ligadas ao trabalho entre os povos indígenas brasileiros, estiveram presentes desde os primeiros encontros da AMTB. Entre eles, Neill Hawkins da MEVA, Rinaldo de Mattos da MNTB (mais tarde trabalhando com a JMN da CBB), Gilberto Pickering da SIL e Lelis Fachini Filho, de ASAS. A primeira vez que o assunto foi tratado oficialmente nos encontros da AMTB foi em 1982. Somente em 1988 apresentou-se uma proposta de criação de um departamento de assuntos indígenas. O autor da proposta, Rinaldo de Mattos, se tornou o primeiro coordenador do departamento. Em março de 1989, foi realizado o primeiro encontro de líderes das missões que trabalhavam entre indígenas, e a assembleia de 1989 versou sobre o tema da “Evangelização de Indígenas”. Nessa assembleia, participaram representantes da FUNAI e inicia-se um diálogo com o governo brasileiro sobre as questões indígenas."
Para facilitar a adesão das agências missionárias que trabalhavam com indígenas a se filiarem à AMTB, eu havia sugerido que essa última realizasse uma de suas assembleias, pelo menos, em Brasília. Isso acabou acontecendo, na verdade, duas vezes. Uma foi a IV Assembleia Geral, em 1985, e a outra foi a VIII, em 1989.
Na assembleia de 85, entre as 16 agências filiadas à AMTB, havia somente duas que trabalhavam com indígenas: A Missão ALEM e Asas de Socorro.
Na assembleia de 89, as coisas já haviam mudado bastante. Ekström descreve assim o que foi aquela assembleia:
“Em 1989, nos dias 22 a 26 de novembro, foi realizada a oitava Assembleia Anual, no Instituto Presbiteriano Nacional de Ensino em Brasília, DF. A ênfase neste encontro foi novamente o trabalho das missões entre os povos indígenas do Brasil. Representantes da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) participaram e houve um diálogo sobre a presença e o trabalho das missões evangélicas entre os grupos indígenas brasileiros. Para a AMTB, o encontro significou um reconhecimento das autoridades governamentais ao trabalho realizado pela associação e importante fundamento para as negociações que viriam no futuro. Durante este ano realizou-se também, preparando a Assembleia em Brasília, o primeiro encontro de líderes de missões indígenas, nos dias 8 e 9 de março. Uma ata foi redigida sobre isto e propostas concretas entregues à diretoria da AMTB.”
Há quatro destaques no relatório de Ekström da Assembleia de 89 que gostaria de fazer, sobre fatos inéditos que estavam acontecendo pela primeira vez (desculpem-me a redundância).
• A AMTB abraça, definitivamente, através do DAI, a questão do trabalho indígena no Brasil;
• As agências missionárias que trabalham com indígenas do Brasil fazem o seu primeiro encontro para tratarem, juntas, os problemas advindos de uma natureza de evangelização tão complexa, dado especialmente aos fatores políticos;
Em minha carta de notícia de Janeiro a março de 1989 eu escrevi assim sobre o encontro das Missões relatado acima:
“Encontro de Representantes das Missões que trabalham com os índios: Juntamente com alguns colegas aqui em Brasília, iniciamos em 88, um movimento de incentivo para a realização de um trabalho mais cooperativo entre as diversas Missões envolvidas com o trabalho de evangelização dos índios no Brasil. Isto resultou no I Encontro de representantes destas Missões, que se realizou em Brasília, nos dias 8 e 9 de março. O ponto alto do Encontro foi a decisão de se criar em Brasília, um órgão de representação dessas Missões como um todo, junto à FUNAI e demais repartições do governo. Um segundo Encontro será realizado no final do ano.”
• A FUNAI – Fundação Nacional do Índio é convidada a participar da Assembleia da AMTB.• Daquela assembleia em diante, as Missões que trabalham entre os indígenas passaram a se filiar, uma após outra, à AMTB.
Mas aqui é bom frisar que as duas preocupações maiores que me levaram a incentivar a AMTB para que essas coisas acima viessem a acontecer, foram: Primeiro, a maneira como as agências missionárias entre os indígenas realizavam seus trabalhos. Elas o faziam de forma estanque sem que uma soubesse o que a outra estava fazendo. Segundo, a maneira como essas Missões faziam suas representações junto ao Governo. Tudo era feito, também, de forma particular. Cada Missão se representava por si mesma diante da FUNAI. Isso me incomodava muito. Eu me lembro de quando eu era representante da Missão Novas Tribos do Brasil junto à FUNAI, em Brasília. Muitas vezes aconteceu de eu sair do gabinete da pessoa responsável pelo ingresso de missionários em área indígena, e me encontrar com o representante de outra Missão que iria lá tratar do mesmo assunto. Eu pensava comigo mesmo: O que esse pessoal da FUNAI pensa das Missões, uma vez que elas não são capazes de tratar, juntas, os seus problemas?...
Fico feliz, portanto, mas muito feliz mesmo, porque aquele primeiro encontro das Missões entre os índios acabou se transformando em Fórum, que se transformou, por sua vez, mais tarde, no Fórum Indígena da AMTB, hoje um evento extremamente abençoador e frutífero no campo das missões indígenas. A “sementinha de mostarda” produziu uma árvore frondosa dando sombra a todas as agências missionárias que se preocupam com os indígenas do Brasil!...
Mais feliz fico ainda quando vejo o DAÍ – Departamento de Assuntos Indígenas representando todas as agências missionárias que trabalham entre os índios!
Como corolário de tudo isso, Ekström escreveu assim o detalhe final sobre a união das Missões que trabalham entre os indígenas que aconteceu na reunião de 1996:
“Enoque de Faria informa também que a reunião de líderes de missões indígenas em agosto teve a participação do CONPLEI, da AEVB e de 13 missões. Neste encontro foi elaborado um Código de Ética e eleito um conselho, liderado pela AMTB, que representará as missões diante do governo. (Ekström pg.137)
Mas preciso contar ainda uma outra história, sui generis, que aconteceu no início dos anos 90, quando Deus me chamou de volta para os Xerente. É claro que fiquei muito feliz com a chamada, mas muito preocupado com o futuro de tudo aquilo que eu vinha fazendo em Brasília. Com essa nova chamada, eu teria que deixar todas as minhas atividades, inclusive a coordenação do DAI. Aconteceu assim: Eu havia dado a minha aula de Missões, à noite, na Faculdade Teológica, meu carro estava na oficina e eu estava sentado no ponto de ônibus, na L2 Norte, sozinho, quase meia noite, quando Deus falou ao meu coração, assim como que se eu estivesse ouvindo a sua voz audivelmente. Eu estava, cabisbaixo, “remoendo” as impressões que trazia na mente das minhas últimas duas viagens aos Xerente. Não podia deixar de pensar no que tinha visto por lá: O colega Pr. Guenther Krieger e sua esposa Wanda, sozinhos, o número enorme de conversões que estava acontecendo em várias aldeias, com a necessidade imperiosa de se iniciar o discipulado e a formação da liderança local. Foi nesse momento que ouvi a voz de Deus de forma insofismável, dizendo: - “Rinaldo, o que você está fazendo aqui? Para tudo que você está fazendo aqui em Brasília eu tenho substituto, mas para o que você vai fazer lá entre os Xerente, eu não tenho substituto. Ou você vai, ou o trabalho não será feito. Pois bem. Ouvi, de pronto, a voz de Deus, cheguei em casa, acordei a Gudrun e disse a ela: - Gudrun, Deus está me chamando de volta para os Xerente, você topa voltar comigo? Ela respondeu como boa missionária, boa esposa e no seu jeito alemão: - Topo! Seja chamada ou seja “arrastada” eu vou. - Como de fato foi...
Nessa altura, eu estava disposto a deixar todas as minhas atividades aqui e confiar nas substituições que Deus iria fazer. Mas, teimei, com o Todo Poderoso, quanto ao Banco de Dados (cuja história será contada da próxima vez) e quanto ao DAI. Naqueles últimos anos o DAI estava meio inativo e eu não queria vê-lo morrer. Eu disse a Deus: - Senhor, sobre essas duas atividades, quero que o Senhor me dê licença de ser como Tomé: Eu quero ver primeiro a “cara” dos substitutos. Pois bem. Quanto ao Banco de Dados, Deus já havia me providenciado o Paulo Bottrel, grande amigo, grande colega, grande obreiro, que já trabalhava comigo nas pesquisas. Faltava saber se ele assumiria a liderança do projeto se eu voltasse para os Xerente. Pois ele aceitou a responsabilidade, de bom grado, e a Junta de Missões Nacionais da CBB o confirmou na função. Desta maneira, o Banco de Dados não sofreu qualquer solução de continuidade. Mas, e o DAI, qual seria o substituto?
Ora, assim como Jesus mostrou suas mãos e seu lado feridos a Tomé, um certo dia, não me lembro bem o lugar, em Brasília, me encontrei justamente com Enoque Ozório de Faria. Ele estava meio em dúvida se voltaria a Roraima ou se entraria em outro ministério por aqui. Bem, eu não perdi tempo e apresentei logo a ele aquelas três necessidades que eram a minha maior preocupação: A continuidade do DAI, a necessidade do incentivo aos Encontros das Missões que trabalham com os indígenas e a necessidade de terem, todas elas, uma só representação junto ao Governo.
Enoque também não pestanejou e aceitou o convite, de pronto. Não me lembro se eu o apresentei verbalmente ou por escrito à AMTB ou se ele se apresentou por si mesmo, mas logo ele estava lá e eu voltei, todo feliz, para os Xerente, agora como missionário de campo da Junta de Missões Nacionais da CBB, conservando ainda o cargo de Assessor Para Assuntos Indígenas, do qual, mais tarde, também abdiquei.
A introdução de Enoque Ozório de Faria, no DAI da AMTB foi descrito assim por Bertil Ekström:
“Por dois anos, o departamento indígena ficou inativo e na assembleia de 1992, decidiu-se reativar o trabalho com o nome de Setor Indígena da AMTB e Enoque de Faria foi convidado para ser o coordenador. Durante o tempo que o departamento não funcionou, o banco de dados em Brasília com informações sobre as tribos brasileiras, tinha sido mantido pela JMN da CBB debaixo da liderança de Rinaldo de Mattos. Numa carta dirigida a AMTB, a JMN propôs a transferência do banco de dados para a AMTB, o que foi aceito.” (Ekström pg. 93)
De lá pra cá, as atividades do DAI – Departamento de Assuntos Indígenas da AMTB são bastante conhecidas e todo mundo sabe que o Departamento está em mãos absolutamente competentes.
A Deus, toda a glória!
Rinaldo de Mattos
Brasília, abril de 2014
XII Fórum Indígena - 14 a 16 de março de 2018, Dourados-MS
A variedade de línguas e culturas dos mais de 300 povos indígenas de várias regiões do Brasil, com o histórico de contato distinto e vivência com a sociedade envolvente de forma particular para cada grupo revelam a diversidade e complexidade do universo do trabalho missionário indígena.
Neste contexto surge o DAI, no intuito de discutir esta diversidade sem uniformizá-la, mas dialogando sobre os princípios bíblicos e antropológicos na execução da tarefa de anunciar o Evangelho e de atender às demandas básicas dos povos indígenas.
O DAI é um movimento de união das Instituições Missionárias ligadas à AMTB que trabalham especificamente com o segmento indígena totalizando, hoje, 20 agências das quase 80 filiadas. No início por causa das perseguições religiosas, mas hoje contribuindo para aprimoramento das mesmas através de constante diálogo, compartilhamento de experiências e informações em parceria com o CONPLEI (Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas).
O Fórum Indígena geralmente acontece a cada 2 anos e, nos dias 14 a 16 de março de 2018, fomos bondosamente recebidos pela Missão Caiuá, em Dourados-MS, onde contamos com a participação de 104 inscritos, sendo: 30 indígenas de 8 etnias diferentes, 25 instituições missionárias representadas e de estrangeiros do Paraguai, Argentina, Peru, Bolívia, EUA e Alemanha. Nesta edição tratamos de assuntos importantes como: Movimento Três Ondas, questões sociopolíticas, pesquisa, estratégias missionárias, sustentabilidade, revitalização de igrejas, capacitação teológica e eclesiológica, nova diretoria entre outros além de sermos presenteados pelo lindo coral indígena Guarani-Kaowá Criança Feliz, Mitã Rory.